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Externalidades e agenda ESG

Décio Luís Schons,  CIEAI, CEGRC, CIGR, CISI
General-de-Exército da Reserva, é Vice-Presidente de Operações de Consultoria da empresa Brasiliano INTERISK

Agosto | 2022                                                                                                                                                                           

Não passa pela cabeça de qualquer um de nós ser o ecochato de plantão. Por outro lado, não se pode fechar os olhos diante das evidências de que a ação humana sobre o meio ambiente vem potencializando os efeitos das catástrofes naturais, cada vez mais frequentes e cada vez mais intensas.

Nesse quadro, é importante ter-se em mente o conceito de externalidade e suas diversas nuances, de modo a perceber os impactos que atividades econômicas aparentemente inofensivas ou até mesmo charmosas exercem sobre a qualidade de vida de populações frequentemente desatentas para o que ocorre bem à sua frente.

Externalidades podem ser definidas como os efeitos sociais, econômicos e ambientais causados indiretamente e de forma não intencional pela venda de um produto ou serviço. Elas podem ser positivas ou negativas. Foi nesse espírito que Dominick Salvatore, presidente da Associação Norte-Americana de Economia e Finanças, as definiu como nada mais sendo que a “diferença entre custos privados e custos sociais, ou entre lucros privados e lucros sociais”. Em outras palavras, o agente da externalidade socializa, de modo indiscriminado e na maioria das vezes à revelia das comunidades envolvidas, parte de seus custos de produção, como também os benefícios indiretos advindos da atividade econômica que exerce.

Uma das facetas mais bizarras envolvendo externalidades é sem dúvida a famosa obsolescência programada, um conceito que, como tantos outros, foi construído com a melhor das intenções, qual seja, a de gerar empregos a partir do aumento da demanda por produtos industrializados durante a Grande Depressão. Naquela época, foi considerada uma iniciativa salvadora para empresas e economias e teve papel importante na recuperação econômica que se seguiu. Todavia, como costuma acontecer, algo que era para ser transitório transformou-se bem logo em prática permanente. Passadas nove décadas, seus efeitos estão mais que nunca presentes em nosso dia a dia, potencializados por campanhas de propaganda que induzem as pessoas a desfazerem-se de bens de consumo muito antes de estes terem atingido a obsolescência. A motivação, na maior parte das vezes, é simplesmente a entrada no mercado de um novo modelo do objeto de desejo. Certas indústrias esmeram-se na arte de fabricar produtos cada vez menos duráveis, celeremente substituídos por outros que de diferente, às vezes, só têm a cor.

Que não dizer de certos ramos da indústria da moda que a cada estação do ano buscam fazer com que consumidores troquem todo o guarda-roupa, estimulados por um modelito com a gola mais estreita, por uma peça mais folgada ou por um sapato de bico mais fino? Isso é o que se chama fast fashion, com sua imensurável quantidade de peças de roupas indo para os monturos todos os anos.

Os impactos negativos das externalidades sobre a sociedade e sobre a própria empresa são classificados em três grupos principais:

  1. Econômicos: destruição de fontes extrativistas naturais pela exploração predatória.

  2. Sociais: desemprego provocado pela automação dos processos; doenças provocadas pela poluição e contaminação do solo, água e ar.

  3. Ambientais: contaminação do ar e da água (incluindo os lençóis freáticos) por efluentes químicos; poluição sonora; eliminação da cobertura vegetal.

Como é fácil perceber, os exemplos aqui elencados são muito simplistas. É intuitivo que a destruição de fontes extrativistas naturais pela exploração predatória não tem seus efeitos limitados ao campo econômico, mas afeta fortemente o campo social (gerando desemprego, por exemplo) e o campo ambiental (a eliminação de espécimes em decorrência da atividade).

A Agenda ESG nas empresas precisa tratar desses aspectos com presteza, de modo a minimizar os efeitos das externalidades negativas, ao tempo em que busca a potencialização dos impactos positivos.

Como parte dos esforços envidados nessa direção, os pilares Social e Ambiental aparecem como indutores das ações a serem desencadeadas com muita ênfase no pilar Governança Corporativa, no qual a gestão de riscos, incluindo os riscos ESG, assume posição de destaque.

A Matriz de Dupla Materialidade (ou Relevância) será confeccionada com todo o cuidado, mediante a coleta de informações sobre temas de interesse examinados sob diversos pontos de vista, ou seja, os pontos de vista de cada um dos stakeholders. A partir de uma análise detalhada dessa matriz, serão tiradas as conclusões sobre as prioridades a serem atacadas pela organização, de modo a gerar o engajamento dos stakeholders e o estabelecimento de parcerias com organizações da sociedade civil e órgãos de Governo.

Num momento em que se busca, de forma cuidadosa e consciente, dar consistência à formulação da política ESG das empresas, é de singular importância o conhecimento do conceito de externalidades, dos fatores que as provocam e dos efeitos que elas podem gerar. Para se evitar o famigerado green washing, é necessário o correto entendimento do problema, em toda a sua complexidade, de forma que os recursos, sempre escassos, sejam empregados da forma mais eficaz e transparente possível.

A Brasiliano INTERISK oferece às empresas a possibilidade de integrar os Riscos ESG ao Sistema de Gestão de Riscos existente, mediante o emprego de um aplicativo dotado de grande flexibilidade e elevada maturidade: o Software INTERISK. Mais ainda, o INTERISK possibilita às empresas a integração dos processos de Gestão de Riscos aos processos de Governança e Compliance.

 

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