O conflito Israel-Hezbollah: um rinoceronte cinza impactando a indústria do petróleo?
Izan Araujo
Mestre em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é CEO do Centro de Estudos em Geopolítica e Relações Internacionais (CENEGRI) e Editor Adjunto da Revista Intellector. Pesquisador associado do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA/UFPEL).
Outubro | 2024
Como as empresas petrolíferas podem enfrentar de forma resiliente os impactos do conflito Israel-Hezbollah em suas operações e, ao mesmo tempo, garantir a estabilidade no fornecimento de energia? O recente conflito entre Israel e o Hezbollah em 25 de agosto no sul do Líbano destacou a importância do risco geopolítico, que muitas vezes é subestimado. Esse tipo de risco é descrito como um "rinoceronte cinza", conceito de Michele Wucker. As organizações devem adotar estratégias resilientes para mitigar os impactos do conflito Israel-Hezbollah, pois compromete a segurança operacional, interrompe a cadeia de suprimentos, especialmente no setor de energia, e intensifica a volatilidade no mercado global de petróleo.
Em primeiro lugar, a segurança operacional das empresas no Oriente Médio, especialmente aquelas localizadas entre Israel e o Líbano, enfrenta grandes riscos geopolíticos e cibernéticos. As plataformas offshore no Mar Mediterrâneo, como o campo de gás Leviatã, são vulneráveis a ataques físicos e cibernéticos devido à sua importância estratégica. Além disso, portos como Haifa, em Israel, e Beirute, no Líbano, são alvos potenciais, o que pode interromper o fornecimento de bens essenciais e o fluxo de exportações de petróleo e gás, afetando gravemente a economia de ambos os países. Além disso, o oleoduto Trans-Israel, que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, também pode ser afetado, dificultando o transporte de petróleo na região.
Em segundo lugar, as tensões geopolíticas no Oriente Médio podem interromper as cadeias de suprimentos globais. As linhas marítimas de comunicação são vulneráveis a ataques e bloqueios, interrompendo o fluxo de petróleo e equipamentos essenciais. Além disso, em um conflito regional envolvendo o Irã, existe o risco de interrupção de rotas marítimas críticas, como o Estreito de Ormuz (ver mapa), que liga o Golfo Pérsico ao Oceano Índico e é responsável pelo transporte de um terço do petróleo mundial. Como resultado, a interrupção dessa passagem estratégica teria um impacto massivo nas cadeias de suprimentos globais, especialmente no setor de energia, exacerbando a inflação global.
Fonte: atlasdelmundo.com
Finalmente, a volatilidade no mercado global de petróleo, agravada pelo conflito entre Israel e o Hezbollah, é uma grande preocupação para o setor petrolífero. As tensões geopolíticas causam flutuações de preços, impactando as receitas das empresas e a estabilidade econômica global. Consequentemente, essa volatilidade afeta o valor das ações, dificulta a previsão de receitas e impede investimentos de longo prazo. Além disso, a instabilidade leva à fuga de capitais para ativos seguros, como ouro, dólar americano ou títulos do Tesouro dos EUA, resultando em quedas nos índices de ações europeus, conforme indicado pelos números negativos nas colunas "Net Change" e "% Change" apresentadas na tabela.
Fonte: Bloomberg.com
Em conclusão, os riscos chaves identificados neste policy brief foram selecionados com base na Matriz de Priorização de Riscos, que combinou a Matriz de Impactos Cruzados com a Matriz de Riscos. Os ataques cibernéticos (R.3) são o foco principal para as indústrias petrolíferas no Oriente Médio, devido ao seu alto nível de criticidade e interconectividade, afetando diretamente a segurança operacional (R.23) e a cadeia de suprimentos (R.13). Para mitigar esses riscos, é altamente recomendada a implementação de sistemas robustos de segurança cibernética, alinhados às boas práticas e padrões como ISO 31000, COSO ERM e NIST, auxiliando na gestão e redução dos riscos cibernéticos.
Fonte: Elaborado pelo autor | Software INTERISK
Fonte: Elaborado pelo autor | Software INTERISK
Fonte: Elaborado pelo autor | Software INTERISK
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Referências:
LACOMBE, Victor; GÓES, Vitória de. Israel e o Hezbollah intensificam os ataques e agravam a crise regional. Folha de São Paulo, São Paulo, 26 ago. 2024. Mundo, pág. A12.
PITA, Antônio. Fogo cruzado entre Israel e o Hezbollah, não o Líbano. El País, Madrid, 26 de agosto. 2024. Internacional, pág. 2.