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GESTÃO

Âncora 1

Profissionais Mulheres
na Segurança Privada

Ildo Enor Rodrigues de Almeida, CPSI, CISI, DIDS
Diretor CEAS BRASIL/RS e Coordenador do curso MBA em Estratégia para a Segurança das
Instituições Públicas e Privadas da Faculdade Mario Quintana - FAMAQUI.

Em um passado não muito distante, a presença feminina nas forças de segurança ocorria apenas em serviços na área da saúde: eram as enfermeiras que atuavam heroicamente junto aos médicos militares nos campos de batalha e prestavam inestimáveis trabalhos de socorro às vítimas, aliviando um pouco do sofrimento no front.

Aos poucos, e em espaço temporal mais recente, constatamos a presença feminina com maior e destacada participação em todas as forças, tanto nas Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica, como na Força Nacional de Segurança e nas forças auxiliares, polícias militares, civis e guardas municipais. Do mesmo modo, ao percebermos as mudanças no cenário da segurança nacional, pública ou privada, verificamos a necessidade e a importância da presença de mulheres profissionais atuando neste segmento. São as profissionais da segurança privada.

No Brasil, em que pese a participação acentuadamente masculina na área da segurança, a presença das mulheres em todos os cenários, políticos ou profissionais, está legalmente assegurada e é direito de todas as cidadãs exercê-lo. Entretanto, é visível o quanto precisamos avançar para tornar a participação feminina mais efetiva em todas as áreas, especialmente na área da segurança, o que certamente agregará maior potencial técnico e humano nas frentes que contam com estas profissionais.

Recentemente, o Brasil sediou grandes eventos como Copa das Confederações/FIFA, olimpíadas e paraolimpíadas, que além de movimentarem a economia, atraíram investimentos e promoveram mudanças significativas, principalmente nos setores de serviços.

Segmentos como hotelaria, turismo, transportes, e, em especial, a segurança privada, tiveram a oportunidade de iniciar seu trabalho nas arenas esportivas e em outros grandes eventos, atuando em diversas áreas onde anteriormente atuava somente a segurança pública. Esta é uma realidade que aos poucos está sendo revista, uma vez que espetáculos em espaços privados, inclusive nos estádios de futebol, onde o ingresso é pago por seus frequentadores, naturalmente deve exstir a contratação de segurança privada, e não pública, que deve obviamente atuar no espaço público.

 

A partir destas mudanças, observou-se um crescimento significativo da presença das mulheres nos grandes eventos, em espaços e situações em que a atuação masculina se torna inviável, tais como vestiários e sanitários femininos, procedimentos de controle de acesso, identificação, entre outras ocorrências em que se faz necessária a averiguação pela profissional mulher. Sem contar com sua natural sensibilidade, profissionalismo e tato para questões em que a rusticidade masculina, muito frequentemente verificada em determinadas abordagens, já provocou resultados indesejados e até trágicos, maculando a imagem das forças de segurança, causando desmotivação e desprestígio para seus agentes.

 

A presença das mulheres neste segmento também assume grande importância para a mudança de comportamento entre os profissionais da segurança, não só nas relações interpessoais das equipes, como na relação profissional-cliente, devido às habilidades naturais das mulheres no trato com pessoas.

 

Lembrar que ser profissional de segurança na atualidade exige mais do que estatura avantajada, músculos e força. Estas características, muito valorizadas para algumas atividades da área, já não sobrevive sem o devido desenvolvimento intelectual e cultural. A atuação técnica, a conduta moral, ética e preventiva, somada ao conhecimento da legislação aplicada à segurança privada, das rotinas e do uso de técnicas de defesa pessoal, são atributos indispensáveis à atuação segura e responsável do profissional.

 

Atributos desta natureza independem de sexo, ou seja, a mulher que desejar exercer a atividade de segurança não enfrentará barreiras técnicas, mas poderá sim deparar-se com situações discriminatórias, que devem ser vencidas por toda a sociedade. Ainda é notória a baixa procura de profissionais mulheres por cursos de formação na área, tanto os de nível técnico como os de graduação e pós-graduação, e um dos fatores certamente é a cultura de que a segurança privada é para homens.

 

Presença feminina em ascensão

No entanto, este cenário já apresenta mudanças significativas. Dados fornecidos pela Delegacia Especializada em Segurança Privada – DELESP/RS, em janeiro de 2017, indicam que o efetivo feminino no Rio Grande do Sul é de 6.255 mulheres, um número ainda tímido quando comparado ao total efetivo de profissionais no estado, hoje com cerca de 50 mil vigilantes.

No estado de São Paulo, a vigilância privada já conta com um efetivo de aproximadamente 30 000 mulheres, ou seja, 17% do total de profissionais.

 

De acordo com dados divulgados pela revista Veja (veja. sp.com. br), no período entre 2009 e 2013, o número de contratações aumentou mais de 140%. As agências bancárias lideram as contratações de mulheres, com 40% do efetivo, seguida por shoppings (35%), condomínios (30%) e indústrias (20%).

 

Um dos atrativos do mercado da segurança para mulheres são as escalas de trabalho, geralmente realizadas no modelo 12 horas de trabalho por 36 de folga, possibilitando uma maior dedicação à vida pessoal.

 

Também se observa que mais mulheres estão procurando os cursos de formação, ampliando sua participação. Este cenário aponta para um mercado em ascensão, que exige muitas transformações, que vão desde a mudança de cultura no próprio ambiente de trabalho, como nas organizações que devem abrir as portas para a contratação de mulheres devido ao seu grande potencial transformador.

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