Atentado ao Bolsonaro,
Risco Político que agrava ainda mais nossa democracia?
Hoje, setembro de 2018, a poucos dias da eleição presidencial, considero esta eleição a mais importante do Brasil, desde a posse traumática de José Sarney, com a morte de Tancredo Neves. É importante porque o Brasil vive hoje múltiplas crises, entre elas, a mais grave é a da autoridade pública.
Sem autoridade pública, a violência física e verbal se misturam em todos os assuntos da sociedade e do poder público. E aí temos conflitos internos que geram consequências como o atentado estúpido contra a vida do Bolsonaro.
O Atentado para mim, não é um ato isolado, é um sintoma, que demonstra que o Brasil está perdido. Perdido e sem rumo por quê?
Fica claro para mim que os três poderes hoje, o executivo, legislativo e judiciário estão segregados, sem comunicação. Vejamos:
1) O Executivo na figura do presidente da república, o Sr. Michael Temer com uma credibilidade perante a sociedade brasileira beirando o chão, ou seja, não tem ação e apoio efetivo, ficamos inertes;
2) Nosso legislativo corrompido e desacreditado, com um nível de aceitação no subsolo;
3) E o judiciário que tinha uma imagem de ser o grande fiel depositário da moralidade do Brasil, tem demonstrado sinais de partidarismo, de política e divisão interna, o que até alguns anos era inconcebível.
Portanto receio um quadro de crise de autoridade muito séria, o que pode levar a perda da nossa soberania quando começar houver conflitos internos, tipo do Bolsonaro e da Marielle Franco, onde o ódio explode de forma descontrolada.
Esta crise integrada e atomizada pela crise da estagnação econômica, com 13 milhões de brasileiros desempregados, um déficit fiscal também complicado, infraestrutura velha e capenga, nos mostra um cenário de águas turvas violentas.
O próximo presidente da república eleito irá precisar de muita serenidade e fazer uma costura política para unir todos os brasileiros e pararmos de termos as divisões que hoje são latentes.
Caso isso não aconteça, temos um grande risco do princípio de uma anarquia, pois com os três poderes não se comunicando, não tendo harmonia e uma direção única, o Brasil pode vir a caminhar para um processo de radicalização que não é bom para ninguém. A história nos mostra que no Brasil a falta de ordem sempre começa pela cúpula. É histórico!
O que podemos fazer diante destes cenários?
Eu enxergo que os partidos e seus políticos devem ser responsáveis e assumirem a função genuína de partido, e não de máquinas eleitoreiras demagógicas.
Os três poderes, principalmente o judiciário, terem maior consciência da gravidade do nosso contexto atual e passem a agir para quebrar o dogma de que o Brasil é um Estado de Compadrio! Façam um pacto de sobrevivência do Brasil.
Hoje as nossas instituições brasileiras, com raras exceções, não estão funcionando bem, são patrimonialistas, a serviço de interesses privados.
Dizer que está tudo correndo bem, e que nada, pode acontecer, é colocar uma venda nos olhos e não querer enxergar e acreditar no óbvio.
Tentativas de assassinatos de políticos não são comuns e nem podem ser!
É uma quebra de regra da democracia e devem ser combatidas por todos nós, com todo o rigor necessário.
Temos que sair desta polarização louca, que nos leva somente ao ódio e violência, temos que dialogar obrigatoriamente e buscar uma forma de compatibilizar as ideias. Temos que sair deste buraco que estamos inseridos.
Inúmeros países já passaram por isso, alguns conseguiram, outros não, mas uma lição que a Max Weber nos deixou, quando a Alemanha estava tão perdida quanto o Brasil neste momento foi: “fora da política não há salvação”
Tomara que consigamos! Boa Leitura!
Antonio Celso Ribeiro Brasiliano
Publisher da Revista Gestão de Riscos e Presidente da Brasiliano INTERISK
abrasiliano@brasiliano.com.br