Corremos o risco do voo da galinha em 2020, pela indefinição do executivo em colocar as reformas estruturantes no congresso?
Os economistas estão pessimistas sobre a posição, na visão deles, errática do Presidente Bolsonaro sobre as principais reformas enviadas ao Congresso. Na visão dos principais economistas, dentro e fora da equipe econômica como um grande risco para a retomada do crescimento, que pode acabar se transformando, como das vezes anteriores, no famoso “Voo da Galinha”. O Voo da Galinha é definido como que um voo curto e pesado, ou seja, nossa economia não terá fôlego e sustentabilidade ao longo do tempo. Levanta voo e em seguida é obrigada a realizar uma parada para descansar e alimentar. O Brasil vai de soluço em soluço.
Os nossos países vizinhos deram mostras das suas insatisfações e arrojos sociais que a classe média sofria, através das manifestações fortes nas ruas, derrubando inclusive governos.
A maior evidência do nosso temeroso voo da galinha é a paralisação, pela segunda vez, da reforma administrativa, que acendeu a luz vermelha para o Ministério da Economia.
O ministro Paulo Guedes tem batido na tecla da necessidade real e premente da reforma administrativa, pilar para que a sustentabilidade do crescimento econômico decole. Mas as resistências dentro do governo e fora, são enormes em um ano de eleições municipais. Neste 2020, muitos querem maior espaço para gastar em programas sociais, visando fazer o marketing, marcando assim a imagem do governo com uma marca social. Pura estupidez! Não enxergam que isso leva o Brasil para o buraco e coloca em risco a reeleição do próprio Bolsonaro.
Quando o secretário geral da Presidência, Jorge Oliveira, admitiu, no dia 12 de fevereiro que o prazo para o governo mandar a reforma administrativa para o Congresso, já tinha estourado, não haveria mais tempo, o Ministério da Economia começou a traçar um cenário nada promissor. Por sua vez os deputados reclamam que o governo pressiona o Congresso sem base, pois fala-se muito, mas não entrega uma proposta para ser discutida e negociada.
Estamos realmente encurralados, onde nosso risco político só tende a crescer, pois desta forma não teremos investidores, apesar de alguns indicadores da economia estar dando mostras de melhora, como a queda da dívida pública, que foi a mais baixa em seis anos. Mas representa ainda 75,8% do nosso PIB.
Concluindo, o cenário pela frente, segundo a especialista em finanças públicas, a economista Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman, avaliou que o recuo do governo é um enorme retrocesso, com impactos massivos e coloca em dúvidas e risco a continuidade das outras reformas. Ou seja, há grandes chances de termos o voo da galinha! O Brasil poderá ser, de novo, o grande perdedor, juntamente, claro com o presidente Jair Bolsonaro.
Infelizmente não são bons prognósticos.
Tomara que haja ventos fortes para fazer mudanças radicais no nosso rumo e que ajude nossa galinha a permanecer em voo. Será?
Qual é nosso Risco Político?
Sempre avaliamos o Risco Político Brasil, utilizando a metodologia adaptada do Grupo PRS, da consultoria britânica. Tendo em vista nossa vivência e experiência, fizemos, nós da Brasiliano INTERISK, uma adaptação do questionário utilizado originalmente. Inserimos pesos nos quesitos, tendo em vista sua motricidade na influência da materialização de Riscos Políticos, levando-se em consideração o contexto Brasil. Portanto adaptamos os quesitos em treze – 13 Macro Fatores de Riscos Políticos, com vinte e um – 21 - fatores de riscos ou causas primárias.
Cada fator de risco tem seu peso pela sua motricidade e o analista dará uma nota, que pode variar de 1 a 5, tendo em vista o contexto e região, que são variáveis. O objetivo é a obtenção de uma Média Ponderada, equalizando desta forma o Nível de Risco Político. Maior a nota, maior o risco de materializar.
O Nível de Risco Político é o resultado da soma dos resultados de cada fator de riscos (multiplicação do peso versus a nota), dividido pela soma dos pesos totais, conforme demonstrado abaixo:
O resultado é classificado segundo a Tabela abaixo:
Em dezembro realizamos o estudo e o nosso Risco tinha dado um resultado de 3.10, o que o classificava como muito alto. Reavaliamos os quesitos, tendo em vista as mudanças dos contextos e suas variáveis e o resultado, segundo nossa visão piorou, pois chegamos a uma nota de 3,50. Ou seja, subiu, embora continue na mesma faixa de Muito Alto. Esta subida tem a ver com a “barrigada” do governo em não levar para o congresso a reforma administrativa, o que pode desencadear outros riscos.
Continuo focado nos quesitos de estabilidade do governo, condições socioeconômicas, investimentos estrangeiros e a segurança jurídica. Na minha opinião estes quatro macro fatores são os motrizes para fazerem o crescimento sustentável da nossa economia e sustentação da nossa galinha.
Bons ventos para nossa galinha! Boa Leitura!
Antonio Celso Ribeiro Brasiliano
Publisher da Revista Gestão de Riscos e Presidente da Brasiliano INTERISK | abrasiliano@brasiliano.com.br